sábado, abril 22, 2006

"Tem que ter culhão"

Os leitores que me perdoem a palavra de baixo calão, mas sou obrigada a concordar com um amigo de redação que postou a frase hoje no seu MSN. Realmente, pra agüentar certas coisas nessa vida, só tendo um "culhão" do tamanho de um Tiranossaurus rex (será que os dinossauros tinham testículos?).
Fico impressionada com certas situações que somos obrigado a enfrentar no trato com as pessoas em certos momentos da vida. E o que é pior, ter que manter o equilíbrio para manter sua postura diante de toda a maré que puxa contra. Concordo com o psicanalista de um outro colega jornalista que o aconselha a fazer a terapia do "foda-se" (ops, outro palavrão!).
É, há momentos em que é preciso mandar certas pessoas e certas situações não para o agradável momento de um prazer sexual, mas para todo o sentido pejorativo que a expressão conota. É nesse sentido que o tal psicanalista aconselha a referida terapia.
Mas para ilustrar melhor, vou contar a história totalmente fictícia de uma pessoa acusada de misturar os seus "interesses pessoais" com as questões que defende no seu âmbito profissional. Questões que dizem respeito ao interesse da classe a qual pertence que, pra dizer a verdade, não lembro nem bem qual é.
Realmente há pessoas que misturam os diversos aspectos de suas vidas, tanto pessoais, quanto profissionais, ideológicos, isso é fato. Mas na história a que estamos nos referindo, além da questão passar por tudo o que o psiquiatra José Ângelo Gaiarsa tão bem define no seu livro "Tratado Geral sobre a Fofoca", a questão talvez esteja muito mais ligada às divergências ideológicas que a qualquer outra coisa. "É, tem quer ter culhão pra passar por isso", eu diria a essa pessoa.
Tem que ter culhão para lidar com pessoas que não respeitam a identidade e as diferenças. E é nesse desrespeito às diferenças que se origina toda a sorte do preconceito. Preconceito contra as mulheres, contra os mais jovens, contra os menos experientes, contra os negros, contra os deficientes físicos e mentais, contra as mães solteiras, contra os pobres, contra os homossexuais, contra os heterossexuais (sim, esse preconceito também existe, eu sou testemunha!) e etc. São esses e muitos outros tipos de preconceitos que devem ser combatidos para que se possa construir um mundo melhor. É possível? Sim, creio que é.
E antes que alguém diga "que saco, esse blog está parecendo o Muro das Lamentações", eu trato de dizer que o que é bom de saber é que há ainda pessoas verdadeiras e de valor. Há ainda pessoas que realmente se preocupam com o bem-estar daqueles que estão à sua volta e que procuram conversar, dialogar antes de insultar, ofender, julgar, gritar e desmoralizar. E eu estou sabendo reconhecê-las.

quinta-feira, abril 20, 2006


Avenida Almirante Barroso hoje às 20h30. Foto de Cristino Martins.

Apocalipse Now?

Realmente hoje eu tive a nítida noção do que a Bíblia descreve como o final dos tempos. Belém tornou-se um verdadeiro caos desde a tarde até a noite. A forte chuva alagou ruas, deixou o trânsito já caótico nos horários de rush, completamente parado, e obrigou muitas pessoas a largarem seus carros estacionados nas ruas para seguir o percurso a pé até o destino previsto.
É, eu fui uma dessas pessoas. Saí da Paróquia de São José de Queluz, no bairro de São Bráz, pontualmente às 18 horas. O trânsito já estava completamente congestionado na Cipriano Santos. Chuva que a cada minuto engrossava, até tornar-se torrencial.
Uma hora e meia depois eu ainda estava na travessa Humaitá entre Primeiro de Dezembro e Almirante Barroso. Hora de executar o plano B e seguir pela Almirante até a Mauriti para, enfim, chegar ao jornal na travessa 25 de Setembro. Resultado? Um caminhão tombado no cruzamento da Mauriti com a Primeiro de Dezembro. Caos, buzinas infernais, carros na contra-mão, motoristas descendo ensandecidos, gritando com os que fechavam o cruzamento.
Eis que surgem alguns policias militares (até então, durante todo o trajeto, nenhum agente da CTBel foi avistado). Recorri então, ao plano C: retornar à Almirante Barroso para, mais uma vez, tentar chegar à Duque de Caxias via Mauriti.
Mais uma vez impossível. Resolvi estacionar o carro em frente a uma escola de inglês na Mauriti entre Almirante Barroso e 25 de Setembro, porque até aí, um quarto do tanque de gasolina já tinha ido embora.
Como a chuva caía insistentemente, o jeito era apelar para a lanchonete da escola de língua e ler o relatório cedido pelo entrevistado naquela tarde. Sem ter como sair para lugar nenhum (porque de carro o congestionamento impedia de avançar e, à pé, por impedimento da forte chuva que insistia em cair), o jeito foi comprar uma fatia de sanduíche caseiro e uma lata de refrigerante, provavelmente a única coisa que eu conseguiria colocar pra dentro do estômago até o final da noite.
Quando a chuva se tornou miúda, apenas uns chuviscos, vi que o caos ainda continuava intalado no trânsito da capital paraense. O jeito foi largar o carro lá mesmo onde estava e seguir a pé até o jornal. Uns sete quarteirões? Cheguei à redação às 21h10, em ponto, ainda que meio descrente de que aquilo estivesse mesmo acontecendo. Mas o que é pior, aconteceu mesmo.
Agora, sem carro para voltar pra casa, com o trânsito parado em todas as vias de acesso tanto ao centro quanto aos bairros distantes, como chegar em casa para o merecido descanso após14 horas de trabalho? Há uma luz no fim do túnel? Então acendam, por favor, que ela apagou!

domingo, abril 16, 2006

Diamond em Belém

O músico caribenho Diamond, tecladista do grupo de reggae Amazonians, da Guiana Francesa, passou por Belém em março e deu uma "canja" no show do grupo de música e dança SGB, no bar Palafita. O público era minguadíssimo, mas a riqueza da apresentação de pouco mais de 15 minutos de Diamond tocando o seu steel band (instrumento artesanal feitos com tonéis moldados a fogo típicos da música do Caribe) foi encantadora.
Músico de mão cheia, Diamond toca vários instrumentos, mas mantém uma das mais tradicionais escolas de steel band em Caiena, capital da Guiana Francesa. Para ele, a semelhança da música caribenha com os ritmos da Amazônia brasileira são grandes e, no final de abril, ele volta a Belém para ministrar um workshop de steel band para alunos de música.
Os instrumentos steel band se assemelham, a grosso modo, a um caldeirão sem abertura, e o som é emitido quando pequenas baquetas de madeira revestidas por borracha nas pontas tocam a superfície convexa. As notas musicais são emitidas de acordo com a posição e o local em que a baqueta toca o metal. No instrumento, não há marcas ou espaços definidos, o que torna surpreendente o artista consguir tirar sons tão distintos mudando a baqueta poucos centímetros para o lado, modificando a intensidade, a força etc.
Quando esteve na capital paraense em março, Diamond realizou uma palestra para alunos do curso de música do Conservatório Carlos Gomes e da Universidade do Estado do Pará. Mas sua presença foi quase incógnita para o grande público, que pouco prestigiou o pocket show do Palafita naquela noite chuvosa. Rara oportunidade de conhecer um pouco sobre a música de nossos vizinhos aqui de cima.

sábado, abril 15, 2006

O parto

Foi numa tarde chuvosa, típica de Belém do Pará. À espera da hora para bater o ponto e deixar a redação, que a oportunidade de criar esse espaço para dizer coisas que não interessam a ninguém, surgiu. Meio sem querer, com uma ferramenta num site de busca. "Agora não tem mais jeito", pensei. E assim nasceu esse blog...
A idéia seduzia e engravidava a cabeça às vezes, mas era abortada. Sempre de forma espontânea. Pô, mas aí aconteceu. Eu estava ouvindo o Erasmo Carlos, em pleno Sábado de Aleluia, com o pessoal da redação comentando as fotos da malhação de Judas, os filhos pra Mosqueiro, com o estômago roncando de fome, já perto das 14 horas. Realmente, ninguém merece. Tudo a ver, mente sem ocupação, oficina do diabo, já dizia a minha vó. Por que não criar um blog?
Não durou nem dez minutos. Nossa! Rápido mesmo! Não deu nem pra sentir!
Aguardo os comentários dos amigos e, quem sabe, até dos inimigos...