segunda-feira, novembro 26, 2012
Pedaço de mim
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que ha de ti
Que a saudade doi latejada
(Chico Buarque)
quinta-feira, outubro 04, 2012
Je l'aime à mourir
Moi je n'étais rien
Et voilà qu'aujourd'hui
Je suis le gardien
Du sommeil de ses nuits
Je l'aime à mourir
Vous pouvez détruire
Tout ce qu'il vous plaira
Elle n'a qu'à ouvrir
L'espace de ses bras
Pour tout reconstruire
Pour tout reconstruire
Je l'aime à mourir
Elle a gommé les chiffres
Des horloges du quartier
Elle a fait de ma vie
Des cocottes en papier
Des éclats de rire
Elle a bâti des ponts
Entre nous et le ciel
Et nous les traversons
À chaque fois qu'elle
Ne veut pas dormir
Ne veut pas dormir
Je l'aime à mourir
[Refrain] :
Elle a dû faire toutes les guerres
Pour être si forte aujourd'hui
Elle a dû faire toutes les guerres
De la vie, et l'amour aussi
Elle vit de son mieux
Son rêve d'opaline
Elle danse au milieu
Des forêts qu'elle dessine
Je l'aime à mourir
Elle porte des rubans
Qu'elle laisse s'envoler
Elle me chante souvent
Que j'ai tort d'essayer
De les retenir
De les retenir
Je l'aime à mourir
Pour monter dans sa grotte
Cachée sous les toits
Je dois clouer des notes
À mes sabots de bois
Je l'aime à mourir
Je dois juste m'asseoir
Je ne dois pas parler
Je ne dois rien vouloir
Je dois juste essayer
De lui appartenir
De lui appartenir
Je l'aime à mourir
[Refrain] :
Elle a dû faire toutes les guerres
Pour être si forte aujourd'hui
Elle a dû faire toutes les guerres
De la vie, et l'amour aussi
Moi je n'étais rien
Et voilà qu'aujourd'hui
Je suis le gardien
Du sommeil de ses nuits
Je l'aime à mourir
Vous pouvez détruire
Tout ce qu'il vous plaira
Elle n'aura qu'à ouvrir
L'espace de ses bras
Pour tout reconstruire
Pour tout reconstruire
Je l'aime à mourir
(Francis Cabrel)
terça-feira, setembro 25, 2012
A companheira da saudade
De que me vale a saudade
Se a solidão é companheira morta?
Dela sorvo o ar seco
Repasso no compasso do coração que dói
Ter a presença é um vazio
Um vazio que a ausência cura
Para depois desfazer-se
nos nós dos desencontros e ressentimentos
A vida é bela aos olhos do amanhã
A vida é uma eterna espera
que não se cansa de acreditar
que dias melhores estão por vir
Prefiro então varrer essa incerteza
E fixar no hoje meu concreto
É dele que movo-me
É do hoje que absorvo o suspiro
Amanhã pode não chegar
E o ontem já se foi
Ser feliz no presente é escolha
É fazer do coração um raio de sol
Bastar-se a si mesma não é tarefa fácil
Implica em tantos
que por vezes acredita-se que a vida
nunca nos leva à estação final
O modo de viajar é que muda o olhar
transforma também o viver
E nos dá a certeza
de que os laços, mesmo na distância
Não se rompem jamais
Marseille 15 de setembro de 2012
terça-feira, julho 24, 2012
Uma bela história de amor
A ópera digital "A Fada e o Girassol", da escritora e jornalista Kalynka Cruz e da soprano francesa Isabelle Sabrié inunda o palco do Theatro da Paz, em Belém, no dia 9 de agosto de 2012 às 20 horas, num espetáculo multimídia cheio de emoção, lirismo, poesia, música, que leva o público do riso às lágrimas num turbilhão arrebatador.
"A Fada e o Girassol" narra a história de um amor impossível, fadado à separação, que surpreende o público no final. A coreografia é de Kleber Dümerval e a sonoplastia, de Sônia Lopez. A bailarina Andréa Torres e o ator e diretor cenográfico Jean-Paul Lopez também participam do projeto, que inclui ainda animações digitais 3D do designer digital paraense Heiji Okada e da desenhista francesa Christelle Haya. Igor de Souza, designer gráfico, também está na equipe.
Os ingressos estão à venda a partir desta quarta-feira, 25 de julho, nas bilheterias do Theatro da Paz e na Aliança Francesa de Belém. A Ópera Digital "A Fada e o Girassol" é uma realização da Aliança Francesa com apoio do Consulado da França em Belém.
quinta-feira, junho 21, 2012
Num piscar de olhos
Foi assim, num piscar de olhos que os dois últimos anos se passaram. Foi num piscar de olhos que mudei de cidade, mudei de paisagem, mudei o rumo. Agora, com quase tudo concluído, é bom olhar para trás e ver que os dois anos foram intensos. Lutas que muitas vezes achei que não fosse capaz de suportar, mas que estão finalmente chegando ao fim.
Muito tem sido assim. A alegria de pequenos momentos nesse tempo, se resumiu a alegrias de encontrar o amor de minha família, a boa risada dos amigos, as quatro estações repartidas e definindo o ritmo de cada verão, outono, inverno primavera, me fazendo entender de uma vez por todas que a vida é feita de ciclos e que se não temos a humildade de respeitá-los, eles nos forçam a fazê-lo.
Um agradecimento pleno a Deus, que é infinito em sua bondade e que não coloca nunca uma dificuldade que não possamos suportar. À minha família, que foi o apoio e que soube aturar os meus momentos ruins e que também soube rir comigo as mais deliciosas risadas dos últimos tempos. Obrigado aos amigos e aos colegas, os de longe e os de perto, que cada um, à sua maneira, acrescentou um pouco de força, saudade, muitas vezes sem precisar dizer uma palavra, outras, com palavras de carinho tão ternas que jamais vou esquecer. Esse é um dia de festa. A festa da música celebrou em Marselha o início do verão. O clima quente lembra as tardes quentes de Belém, minha cidade natal. Viver uma cultura diferente tem muito a nos acrescentar e sorvo cada dia nessa cidade como uma forma de crescimento. Um piscar de olhos vai passar de novo, assim como num piscar de olhos os filhos crescem, os ciclos se fecham para dar lugar a outro. A alegria infinita de poder sentir o dever cumprido e a certeza de que demos o nosso melhor é a maior vitória.
quinta-feira, fevereiro 16, 2012
Defesa da liberdade de expressão
A sociedade paraense se mobiliza em defesa do jornalista Lúcio Flávio Pinto, condenado pela Justiça pelas denúncias feitas em seu Jornal Pessoal que contrariam a elite econômica e política do Estado do Pará. No site somostodoslucioflavio.wordpress.com a jornalista Ruth Rendeiro dá um tocante depoimento de como conviveu com Lúcio, de sua integridade e de sua firmeza de caráter e opinião.
Eu tive o privilégio de ter Lúcio como professor no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Pará, o que considero realmente ter sido uma grande sorte e uma oportunidade indescritível.
Não somente por tudo o que Lúcio representa para o jornalismo, mas principalmente pela oportunidade de ver o quão humano ele é.
Partiu dele a ideia do documentário "Quarenta anos de Esquecimento" realizado com Lucilena Andrade, Maria Lúcia Moraes e Cid Oliveira, que nos absorveu completamente na conclusão de nosso curso de graduação. Imersos no universo do poeta Paulo Plínio Abreu, tivemos momentos de reflexão sobre tantos amazônidas que "caem no esquecimento".
Em outros momentos, já no exercício do jornalismo, tive a oportunidade de ver a atuação de Lúcio e de saber que ali estava um grande mestre para todo e qualquer ser que quisesse aventurar-se pelo jornalismo.
Ouvi-lo contar suas histórias, ou simplesmente cruzar com ele pelas ruas de Belém e receber o sempre franco cumprimento e sorriso, ou ler seus textos carregados de esmero no savoir-faire de poucos que enveredam no métier sempre foi gratificante.
A iniciativa de apoio a Lúcio deve ser mais que valorizada, pois é a validação de tudo o que Lúcio representa. Sua luta é digna, é justa. Sua voz não pode ser calada.
Lúcio defende com propriedade a Amazônia e não podemos deixar sua voz calar-se diante de tudo o que denuncia quando tantos preferem não falar.
Vida longa a Lúcio e a todos aqueles que acreditam na liberdade de expressão.
Eu tive o privilégio de ter Lúcio como professor no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Pará, o que considero realmente ter sido uma grande sorte e uma oportunidade indescritível.
Não somente por tudo o que Lúcio representa para o jornalismo, mas principalmente pela oportunidade de ver o quão humano ele é.
Partiu dele a ideia do documentário "Quarenta anos de Esquecimento" realizado com Lucilena Andrade, Maria Lúcia Moraes e Cid Oliveira, que nos absorveu completamente na conclusão de nosso curso de graduação. Imersos no universo do poeta Paulo Plínio Abreu, tivemos momentos de reflexão sobre tantos amazônidas que "caem no esquecimento".
Em outros momentos, já no exercício do jornalismo, tive a oportunidade de ver a atuação de Lúcio e de saber que ali estava um grande mestre para todo e qualquer ser que quisesse aventurar-se pelo jornalismo.
Ouvi-lo contar suas histórias, ou simplesmente cruzar com ele pelas ruas de Belém e receber o sempre franco cumprimento e sorriso, ou ler seus textos carregados de esmero no savoir-faire de poucos que enveredam no métier sempre foi gratificante.
A iniciativa de apoio a Lúcio deve ser mais que valorizada, pois é a validação de tudo o que Lúcio representa. Sua luta é digna, é justa. Sua voz não pode ser calada.
Lúcio defende com propriedade a Amazônia e não podemos deixar sua voz calar-se diante de tudo o que denuncia quando tantos preferem não falar.
Vida longa a Lúcio e a todos aqueles que acreditam na liberdade de expressão.
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terça-feira, janeiro 03, 2012
Opinião da minoria como "opinião pública"?
O sociólogo Pierre Bourdieu, em um curso dado no Collège de France* en 1990 explica como o discurso de uma minoria se transforma em "opinião pública". O texto foi publicado em janeiro de 2012 na edição nº694 do jornal Le Monde Diplomatique. Segue um resumo traduzido do texto integral.
"Um homem oficial é um ventríloco que fala em nome do Estado: ele toma uma postura oficial - deveria-se descrever a 'mise en scène' oficial - , ele fala em favor e no lugar do grupo ao qual ele se dirige, ele fala para e no lugar de todos, ele fala como representante do universal".
Chegamos à noção moderna de opinião pública. O que é essa opinião pública que invoca os criadores de direito das sociedades modernas, das sociedades nas quais o direito existe? É tacitamente a opinião de todos, da maioria ou daqueles que contam, aqueles que são dignos de ter uma opinião. Eu penso que a definição patente numa sociedade que pretende ser democrática, sabendo que a opinião oficial é a opinião de todos, esconde uma definição latente, ou seja, a opinião pública é a opinião daqueles que são dignos de ter uma opinião. Há um tipo de definição censiária da opinião pública como opinião esclarecida, como opinião digna deste nome.
A lógica das comissões oficiais é de criar un grupo que constitui todos os signos exteriores socialmente reconhecidos e reconhecíveis, a capacidade de expressar a opinião digna de ser exposta, e tudo conforme as normas. Um dos critérios tácitos mais importantes na seleção dos membros da comissão, en particular de seu presidente, é a intuição que os responsáveis da composição da comissão têm de que a pessoa em questão conhece as regras do universo burocrático e as reconhece: dito de uma outra forma, qualquer um que sabe jogar o jogo da comissão de maneira legítima, aquela que vai além das regras do jogo, que legitima o jogo; não se está jamais tanto dentro do jogo quando não se está além dele. Em todo jogo, há regras e o fair-play. Sobre o homem kabyle**, ou do mundo intelectual, eu empreguei a fórmula: a excelência, na maior pate das sociedades, é a arte de jogar com as regras do jogo, fazendo deste jogo a regra de uma homenagem suprema ao jogo. O transgressor controlado se opõe a tudo o que é herético.
...
A opinião pública é sempre uma espécie de dupla realidade. É tudo o que não se pode invocar quando se quer legitimar algo sobre o terreno não constituído. Quando se diz ' Há uma vida jurídica' (expressão extraordinária) a propósito da eutanásia ou dos bebês de proveta, convoca-se pessoas que vão trabalhar com toda sua autoridade.
Dominique Memmi descreve um comitê de ética [sobre a procriação artificial] com uma composição de membros disparates - psicólogos, sociólogos, mulheres, feministas, arcebispos, rabinos, intelectuais etc - que têm o objetivo comum de transformar uma soma de dialetos éticos em um discurso universal que vai ser compilado num discurso jurídico, ou seja, que vai dar uma solução a um problema difícil que incomoda a sociedade - legalizar as mães de aluguel, por exemplo. Se trabalha-se sobre esse gênero de situação, deve-se evocar uma opinião pública. No contexto, a função nas pesquisas de opinião se compreende muito bem. Dizer "as pesquisas estão conosco" é o equivalente de "Deus está conosco" em um outro contexto.
Em relação à pena de morte, algumas vezes a opinião esclarecida é contra, mas as pesquisas são a favor. O que fazer? Constitui-se uma comissão. A comissão constitui uma opinião pública esclarecida que vai instituir a opinião esclarecida como opinião legítima em nome da opinião pública - que fora diz o contrário ou não pensa nada a respeito. Uma das propriedades da pesquisas de opinião consiste a fazer perguntas às pessoas que elas não se fazem sobre problemas que elas não pensam, é de fazer deslizar respostas a problemas que elas não questionaram, então é uma forma de impor respostas...é o fato de impor a todos questões que se fazem a 'opinião esclarecida' e, deste modo, produzir respostas de todos sobre os problemas que se apresentam a alguns, ou seja, dar respostas esclarecidas que são produzidas pela pergunta: fez-se perguntas às pessoas que não existiam para elas naquele momento, esta é a questão.
...
Percy Schramm mostrou como as cerimônias sagradas eram a transferência, na ordem política, das cerimônias religiosas. Se o ceremonial religioso pode transferir-se também facilmente nas cerimônias políticas através das cerimônias sagradas, é porque se tratam, nos dois casos, de fazer acreditar que há um fundamento no discurso que não aparece como autofundador, legítimo, universal, e porque há a teatralisação - no sentido de evocação mágica de bruxaria - do grupo unido e que consente o discurso que o une. É de onde vem o discurso jurídico. O historiador inglês E.P. Thompson insistiu sobre o papel do teatro jurídico no século XVIII na Inglaterra - as perucas etc - que não pode se compreender totalmente se não se vê que não se trata de simples aparêcia, segundo Pascal, que vinha acrescentar: ele é constitutivo do ato jurídico...Se fala sempre de reformar a linguagem jurídica, sem jamais fazê-lo porque é a última vestimenta: os reis nus não são mais carismáticos.
...
Os escândalos políticos são a crença política de que todo mundo age de má fé, a crença se uma má fé coletiva no sentido sartriano: um jogo no qual todo mundo se mente e mentem a outros sabendo que eles se mentem. É isso, o oficial...
Pierre Bourdieu, Le Monde Diplomatique, janeiro de 2012.
(tradução livre)
*texto extraído de Sur l'État. Cours au Collège de France, 1989-1992, Raisons d'agir. Seuil, Paris, 2012.
**kabyle: Nascido na região kabyle na Argélia, norte da África. (Région de l'Algérie, Pays du Maghreb, dans le bassin méditérranean)
La fabrique des débats publics*
Le Monde Diplomatique a publié ce mois-ci (janvier 2012) le texte du sociologue Pierre Bordieu dans le cours sur l'État donné en 1990 au Collège de France. Bourdieu démontre que d'une cotê on a une situation économique et sociale inouï, de l'autre, un débat public mutilé, réduit à une alternative entre austerité de droite et rigueur de gauche. L'auteur démontre comment une opinion d'une minorité se transforme en "opinion publique". Lisez le texte complet en français.
*Source: Le Monde Diplomatique.
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sábado, novembro 05, 2011
Olhos da alma
Minha janela já não é a mesma
Não vejo mais a mesma paisagem
Longe está a janela de minh'alma
Cinza é tudo o que vejo diante dos olhos
Mas basta abrir os olhos do coração
Lá estão as cores
os raios de sol
Em mim encontro minhas alegrias
vividas em torno de todos os dias
Cada dia de minha vida
Até mesmo aqueles que ainda estão por vir
As cores não estão na janela
Estão em mim
E as guardo muito bem
São meu maior tesouro
As cores habitam meu coração
Mesmo quando chove e faz frio
Meu jardim é sempre florido
Mesmo que o outono leve todas as folhas
Minha janela não é mais a mesma
Mas restou-me eu mesma
Restou-me tudo o que fiz de meus dias
Restou-me tudo o que ainda tenho para viver
Gosto de que vejo pela janela dos meus olhos
Porque através deles reflito as cores de meu coração
E esse, meus amigos, é o mesmo desde sempre
Conforto
Tenho-me a mim
E nunca me abandonei
Ainda que me faltem todas as coisas
Todas as pessoas
Tenho-me a mim
E pertencer-se a si é de uma liberdade imensa
De uma felicidade que nada pode apagar.
Marselha. 05/11/2011
Foto: Eva Maués
terça-feira, outubro 11, 2011
Girassol
O calor do sol
atrai a flor
olhares
canções
Ter dias de sol
em Provence
É sentir o coração aquecer-se
Nada do frio do norte
O sul resplandece em cores, mar e luz
Exuberante como as flores de girassol
Dias alegres
Boas e quentes risadas
Raios de sol que douram os cabelos
E incandescem as pétalas da flor
Dias que aos poucos se tornam curtos
Até o inverno passar
E o sol brilhar oura vez
Foto: Eva Maués
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